Aviso do Raposo

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

CAPÍTULO 10 - NO INFERNO


RAPOSO, O IDOSO ODIOSO

CAPÍTULO 10 - NO INFERNO

Festa infantil.

Ninguém merece.

E Matilda insistiu que fossem, quem é Raposo pra discordar, ou desmandar?

Lá foi Raposo ao shopping, em plena semana de Dia dos Pais comprar presente para uma criança que ele nem conhece.

"Querido, passa lá no shopping e compra uma lembrancinha pro Miguelzinho, filho da Sandra, minha amiga da Yoga, não fica bem chegarmos sem nada nas mãos a festa."

E lá foi ele.

Sol.

Calor.

Trânsito.

Fila pra pegar o ticket da entrada do shopping.

"Fila pra entrar em shopping, parece pedágio, ou melhor, presságio de que vai estar infernal lá dentro! Ai Raposo o que você não faz pela patroa?"

Ticket na máquina.

Ticket não sai da máquina.

Ticket preso na máquina.

Ticket na mão.

Ticket no chão.

Buzina na traseira.

"Calma ô mané, tô saindo, num sabe esperar não? Num tá vendo que o ticket caiu?"

"Pois é vovô, tem que ficar em casa, num é na entrada do shopping atrapalhando os outros!"

Para que, que a senhora do carro atrás foi falar isso?

Raposo saiu do carro, abaixou, pegou o ticket e encaminhou-se até a janela do Mitsubishi da madame.

Esta trancou a porta e subiu o vidro, com isso Raposo, olhou bem fundo na cara da perua e fazendo gestos de comunicação de mudos, passando com a mão na frente do rosto e mexendo com os lábios, sem nenhum som.

"A senhora é muuuitto feeeiaaa!!!"

Pronto, Raposo já tava vingado.

Ele aprendeu que não precisa xingar perua com nomes feios, é só chamar de velha, gorda e feia, não tem maior ofensa.

Entrou no Shopping, enfim, ar-condicionado gelado, pelo menos, mas, e o vírus da gripe?

Deixa pra lá, melhor gripe do que um calor dos infernos, mas se pegar gripe pode ir pros infernos, bom, sei lá, seja o que Deus quiser.

Shopping lotado.

Crianças gritando.

Vozes altas.

Roupas coloridas e cafonas.

Peruas de salto alto.

Pra que salto alto no shopping?

Marombadinhos de bermuda e tênis.

Cafonas de chinelos.

Mauricinhos com camisa La Coste pra dentro da calça.

Velhinhas com cabelos vermelhos.

Crianças de maria chiquinha.

Poposudas de micro shortinho com celulites pulando pra fora.

Raposo conclui.

"Pensando bem, acho que já tô no inferno."

Loja de brinquedo, pronto, agora se sentia em casa, o difícil era comprar para outra criança, pois tudo que via queria pra ele.

Afinal, Raposo ainda era uma criança, tinha alma de criança.

Duas horas na sessão dos carrinhos.

Uma hora na sessão de bonequinhos.

Dez segundos na sessão de jogos educativos.

Um micro segundo na estante da Barbie.

“Boneca cafona!!!”

Três horas e trinta e cinco minutos no caixa pra pagar.

Mais quarenta e cinco minutos pra liberar o cartão.

“Inferno!”

Presente escolhido.

Presente comprado.

Um pro menino.

Três pra ele.

Dois bonecos maneiríssimos e um carrinho Matchbox edição limitada.

Pro menino, Raposo nem lembrava mesmo o que era.

Porta da casa de festas.

Fila.

Manobristas.

“De jeito nenhum, ninguém pega no meu possante.”

Estaciona a 10 km de distância.

Matilda reclama.

Porta da casa de festas.

"Raposo entrega o presente pra moça da portaria."

"Presente, que presente, você não pegou no carro?"

Volta Raposo, 10 km, pega o presente, mais 10 km.

Porta da casa de festas.

Matilda reclama.

Desvia dos raios fulminantes do olhar de Matilda.

Entra na casa de festas.

Som alto.

Crianças.

Bolas.

Crianças.

Enfeites.

Crianças.

Doces.

Crianças.

Adultos fantasiados iguais idiotas.

Crianças.

"Matilda, precisava ter tanta criança?"

"Raposo, o que você queria, a velharada da sua rede de vôlei? Isso é uma festa de criança, tem que ter criança."

"Uma ou duas, mas isso tudo num aguento. Festa de criança é igual sabonete de motel, tem sempre um pentelho que você não sabe de quem que é."

"Raposo, senta e num reclama. Chama o Silveira pra conversar com você."

"E ai Silveira, tudo indo?"

"O quê, se eu tô caindo?"

"Não Silveira, como vai indo a vida, tá boa?"

"Caindo de canoa?"

“Silveira e como está a Patrícia?

“Se eu to com icterícia, que nada, só não tenho pego muito sol.”

“Pois é, tô sabendo, muito trabalho na ponte do anil.”

“O que é isso seu grosso, mal educado, estou conversando direito e você com indelicadezas pra cima de mim.”

“Não Silveira, você é que ta muco.”

“Claro que to Put..., você tá me xingando.”

Raposo desiste, conversar com esta barulheira e ainda mais com o surdo do Silveira não dá, é um inferno.

O jeito é comer salgadinhos.

Passa uma bandeja de croquete.

Raposo estica o braço, sete mãos chegam antes e levam tudo.

"Eita meninada mal educada."

Passa uma bandeja de refrigerante.

Raposo vai pegar uma Coca, bebe, num é Coca, é Pepsi, diet e sem gás.

"Caraca, porque toda festa infantil tem Pepsi ao invés de Coca, que inferno, coisa ruim."

Passa uma bandeja de risólis.

Raposo ataca.

"Agora eu pego, é de camarão?"

"Ô dotô, se fosse de camarão o senhor acha que ia tá servindo, eu comia tudo, é de frango mermo."

"Pô, meu camarada, mas tira o dedo do risólis."

"Num posso, senhor, tô com uma micose e o Doutor mandô colocar o dedo sempre num lugar quentinho."

"Ô seu porco, então enfia esse dedo no ...."

"Tava lá Doutor, mas na hora de servir tenho que disfarçar né."

"Vou te meter a mão na sua cara, seu imundo."

Chegou a turma do deixa disso e Matilda pra acalmar Raposo.

"Tá calminho agora?"

"Tô, mas tô com fome. Inferno."

Foram embora.

Raposo não aguentava mais, estava doido pra chegar em casa e enfim ter paz e silêncio.

Senta no sofá, liga a TV, Matilda chega com uma bandejinha com seu sanduíche predileto e COCA-COLA.

"Agora sim, comida, Coca, Matila e paz. Isso é que é vida."

Matilda, senta, faz um cafuné no Raposo e pergunta.

"O que tem na TV meu amor?"

"Poeira."

Pronto, começou o inferno de novo.

2 comentários:

Lelli Ramz disse...

AMIGOOO
TIVE UMA SORTE.. CAIU A ANET E DICOU TEU BLOG ABERTO...
AH VOU LER ENQUANTO VOLTA... A NET

LI TUDINHO.. RI MTOOO

AMEIIIIIIIII

BJINHUS, VELICHES E FESTAS INFANTIS

LELLI

MAngela Mirault disse...

AH! VC ESTÁ FICANDO CADA VEZ MAIS INSUPORTÁVEL, HEM SEU RAPOSO?
RELAXXXX, CARA.