Aviso do Raposo

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sábado, 11 de julho de 2009

CAPÍTULO 8 - TUDO É POSSÍVEL


Raposo, o Idoso Odioso

Raposo acordou nos braços de sua amada.

Uma bela noite de amor e paz, selada a muito vinho e Roberto Carlos.

Depois de uma noite como esta nada poderia estragar seu dia.

Até mesmo os piores dos castigos, para ele seria tirado de letra.

Por fim, parece que os deuses resolveram testá-lo:

"TRIMMMM, TRIMMMM"

"Isso é hora de tocar o telefone? Atende ai minha querida, por favor"

"Alô, mamãe quanto tempo!"

Pronto.

Agora Raposo teria que se superar, nem falou neste nome, nem mesmo pensou nesta criatura, mas tá lá ela. Apareceu.

"Oh, mamãe, é claro que a senhora pode ficar aqui enquanto eu estiver viajando, assim você aproveita e faz companhia ao Raposo."

"Ô que!!! Companhia ao Raposo???

Só se for no cemitério, Matilda."

"Tá bom, mamãe o Raposo está indo lhe pegar, beijos."

"Querido, mamãe vai ficar com você e JC enquanto eu estiver em São Paulo, OK?"

Ao olhar aqueles olhos brilhantes, aquele sorriso radiante, e principalmente aquela camisola de cetim vermelho-paixão no chão, Raposo, pensou:

"Não custa nada tentar, São Jorge enfrentou o dragão e tá ai, virou santo.Vou lá."

"Claro que eu vou, minha prenda, vou pegar sua mamãe."

Enfim, o impossível pareceu acontecer, Raposo e D. Três pontinhos juntos e felizes.

"Peraí meu, felizes já tá demais né?"

Tudo bem, Raposo e D. Três pontinhos juntos e ponto.

Matilda iria passar o fim de semana em São Paulo a trabalho, para isso arrumou uma pequena mala para viagem, pegou suas coisas, o celular novo que Raposo havia lhe dado de presente e foi para o Santos Dummond.

Tudo certo no check in, passando pela maquininha irritante, tirando todos os penduricalhos, tipo cinto, 20 pulseiras, 15 anéis, 30 cordões,agora sim, passando na maquininha de novo, entrando no avião, guardando a bolsa no bagageiro de mão, sentando na poltrona, apertando o cinto e...

"Caramba! Será que desliguei o celular? Como desliga essa joça?"

Matilda entrou literalmente em desespero, mesmo desobedecendo ao aviso de APERTAR CINTOS, os gritos da aeromoça para permanecer sentada, levantou-se, abriu o bagageiro, puxou sua bolsa e apertou qualquer botão no aparelhinho infernal.

"Pra que tanto botão se eu só preciso falar e mais nada?"

O avião, enfim, levantou voo, mas Matilda passou todo o tempo desesperada, pois sabia lá se aquela coisa tinha desligado.

"Ai meu Deus, eu vou ser a culpada se este avião despencar aqui de cima."

A qualquer momento sua maquininha poderia desencadear um estrago digno de manchetes dos jornais.

"Mulher terrorista suicida deixa celular ligado e derruba avião."

Agora, o jeito era torcer pra ter acertado o botão de desliga, ou para que ninguém ligasse para ela.

"Saudades do tempo em que as coisas só tinham um botão, conhecido como ONOFRE, ON e OFF."

Enquanto isto, Raposo, esperando superar-se convidou D. Três pontinhos para almoçar no Shopping.

Pôxa, Raposo você quer mesmo o reino dos céus!

Lá estavam os dois na Praça de Alimentação do shopping.

"Então Sogrinha, vai querer o que pra comer?"

"Camarão."

"Camarão - caramba, pensou, não podia ser algo mais barato - Tudo bem vou pegar."

Chegando o prato Raposo, não se conteve, 1, 2, 3, 4, 5 e só.

"Cadê o resto de camarão deste prato?"

"É mesmo meu genro, tá um roubo isso aí, se fosse pra comer só macarrão eu fazia em casa mesmo."

"Vou lá reclamar"

E seguiu Raposo prato nas mãos ao balcão.

"Ô minha filhinha, chama a polícia ai, porque eu acho que os camarões fugiram, só ficaram estes 5 filhotinhos aqui que eu preciso de uma lupa pra enxergar."

"Meu senhor, este é o padrão de nosso restaurante."

"Padrão podrão, você quer dizer. Vocês deveriam colocar ai na fachada, Macarrão com Camarão Ilusionista, coma e se iluda. Ou Camarão com presuma, coma e presuma que tem algo ai, ou melhor ainda Camarão com epa, coma e - Epa, cadê o camarão daqui?"

Ao ver o quiprocó que estava se tornando o debate de Raposo com a mulher do restaurante, D. Três pontinhos sai em disparada, coloca-se na frente do mesmo e começa em auto e bom tom a falar, ou melhor, gritar.

"Venham ver aqui, o pior camarão da cidade, comam muitos camarões se conseguirem achá-lo no prato."

"Prato do dia- Camarões para bobões, eles enganam que tem camarão e você acredita e paga.'

"Camarões para otários, sem nenhum camarão no prato em diversos horários."

Não preciso falar que a fila quilométrica que tinha no restaurante acabou na hora.

Várias pessoas que já estavam sentadas às mesas, levantaram-se e foram ao gerente pedir o dinheiro de volta.

As que passavam, passavam longe e iam para o restaurante japonês ao lado, que a essa altura já estava lotado.

Com isso o gerente, chamou Raposo e sua sogra no canto e lhes ofereceu além de um prato novo repleto e estupidamente entupido de camarão, um vale para almoçarem durante todo o mês de graça.

Raposo, enfim, pensou:

"Até que essa véia é legal. É das minhas."

E com isso um laço de amizade totalmente novo, esquisito e inesperado uniu aqueles dois seres tão diferentes e ao mesmo tempo tão similares.

Enquanto isso, Matilda acabara de pousar em São Paulo, pegar suas malas e assim que entrou no táxi foi conferir se realmente teria desligado o seu celular.

"Nossa, Ainda bem que ninguém me ligou, essa droga tava ligada."

No segundo seguinte o mesmo toca.

"Oi amor, eu e sua mãe estamos nos divertindo muito, agora nós vamos ao cinema, beijos e não se preocupe com nada."

Raposo e sua mãe se divertindo juntos, isso não poderia acabar bem.

Matilda pensou:

"Há mais coisas entre o céu e a terra do que conhece nossa vã filosofia."

Ou no dito popular mesmo:

"TUDO É POSSÍVEL"

Mas até quando?

Mas isso é outra estória.


Um comentário:

MarGGa disse...

D... nem é tão ruim quanto parecia no início.
ABÇão
MarGGa