Raposo, o Idoso Odioso
Ding Dong.
Nada.
Ding Dong.
Nada.
Diiiing Doooong.
Diiiing Doooong.
“Nome:”
“Raposo Von Shultzer da Silva”
“Pode soletrar o segundo nome?
“Não, isso aqui não é programa do Luciano Huck, se não entendeu num escreve.”
“Idade:”
“Do tempo que era falta de educação perguntar a idade à alguém.”
“Profissão:”
“Não te interessa.”
“Senhor, preciso de dados claros para a pesquisa.”
“Tá ferrado, aqui em casa só tem dado vermelho e preto.”
“O Senhor é tão engraçado né?”
“Tá me chamando de palhaço? Vou parar por aqui.”
“Não, senhor, me desculpe, continuando. Escolaridade:”
“Minha escola é da idade da pedra.”
“Quero dizer, senhor, o grau de instrução:”
“Zero, assim como a minha tolerância.”
“O senhor é casado?”
“Não, sou viúvo, pois vou matar minha mulher assim que você sair por te me torrado o saco pra responder esta pesquisa idiota.”
“Raposoooo”- grita do banheiro Matilda -“Responde o moço direito.”
“Ok Mon amour.”
“Senhor, quantas Tvs o senhor tem em casa?”
“Duas, porque, vai pedir emprestado, perdeu tempo, num empresto.”
“Quantos rádios à pilha?”
“Nenhum, o Zé porteiro me levou todos.”
“Quantas geladeiras?”
“P%%%$%#, uma só né seu mala. Mas num tem lanchinho não”
“Quantos aspiradores de pó?”
“Vem cá, isso é pesquisa, ou vc tá se candidatando a faxineira aqui pra casa, pra que você quer saber isso?”
“É da pesquisa senhor. Falando nisso, quantas empregadas diaristas.”
“Uma só, a senhora sua mãe vem aqui toda terça feira quando tem folga lá no galinheiro.”
“O senhor está me ofendendo.”
“Meu filho, você que é um intrometido, quer saber de tudo. Larga de ser fofoqueiro.”
“OK senhor falta pouco, vou relevar.”
“Relevar não, vc vai é levar essa sua bunda gorda daqui porque já tô de saco cheio.”
“Quantos carros o senhor possui?”Uma Pesq
“Essa é fácil, um Porche Carrera, uma Ferrari vermelha, um Lamborghini e um carro de Funerária, que é aonde vou te dar uma caroninha... Entendeu? Ou quer que desenhe?”
“O senhor tem filhos?”
“Não, mas de vez enquanto aparece um filho da p@#%@%, pra me encher o saco.”
“Agora chega, quem o senhor pensa que é pra falar assim comigo?”
“E eu lá sei, é você quem tá fazendo a pesquisa, não sou eu.”
“Muito engraçadinho, se eu não estivesse trabalhando enfiava a mão na sua cara.”
“Enfia, que eu tô doido pra bater num GBO(grande-bobo-e-otário).”
Os dois se debatendo mais que pipoca na panela, e a essa altura o prédio inteiro já ouvia o barraco.
Quando os dois se dão conta, já estão agarrados rolando pelo hall social e o pior de tudo, Raposo peladão.
A porta do elevador abre e quem aparece?
O Silva e Dona três pontinhos, a sogra.
“Raposo, trair minha filha até vai, porque ela é uma mala e merece, agora com esse barbado ai num dá né. Trocou de lado agora? Que pouca vergonha é essa?”
Matilda acaba seu banho tranqüilamente, nada melhor que um bom banho depois de um dia cansativo.
Uma hora de imersão na banheira, no seu banho de sais e ervas ouvindo suas preferidas no Ipod e está novinha em folha, pronta para convidar Raposo para um passeio no shopping, quem sabe até um teatro?
Coloca seu roupão e suas Havaianas e vai até a sala ver se Raposo já terminou a pesquisa com o simpático rapaz.
“Raposo, você já terminou? Raposo. Raposo. Cadê você?”
A porta aberta, toalha no chão, tudo revirado na sala parece não ser uma boa coisa.
Cacos de vidro espalhados pelo chão do Hall Social, quadros derrubados da parede definitivamente algo estava bem errado ali.
Corre até a janela onde percebe ouvir um certo reboliço, e ao chegar e se debruçar depara-se com uma cena um tanto surreal.
O carro da polícia, sua mãe, o Silva, Raposo peladão, algemado bunda a bunda com o rapaz do censo, e uma multidão de curiosos gritando:
“Esfola, esfola, esfola. Pega essas bichas velhas, sem-vegonha”
Neste exato momento:
Ding Dong.
Diiiiing Dooong.
Corre até a porta e suspira aliviado, é Matilda.
“Não, tudo de novo não.....”