Aviso do Raposo

Os capítulos seguem uma sequência cronológica que por ordem de postagem estão ao contrário.
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quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Raposo, o Idoso Odioso. (Pousando com o pé esquerdo)

Capítulo 02 - Ano II
Raposo, o Idoso Odioso.
(Pousando com o pé esquerdo)



"Senhoras e Senhores solicitamos que afivelem os cintos de segurança e à partir deste momento é proibida a utilização de qualquer equipamento eletrônico.
Mantenham o encosto de suas poltronas na posição vertical, sua mesa fechada e travada, pois dentro de instantes pousaremos no Aeroporto Internacional de Pequim, sejam bem-vindos a China."

"Matilda, que P@$#$ é essa de Pequim?? Pequimpariu??? Nós estávamos indo para Lisboa, o que aconteceu, fomos sequestrados ou a besta do piloto errou a rota?"

"Raposo você esqueceu que eu queria fazer umas comprinhas lá pra casa na Xidan Street,  conhecer a Grande Muralha o Templo do Céu e o China World Trade Center? Além de amar este país e esse povo tão interessante."

"Você enlouqueceu Matilda, como pode gostar de um povo que come cachorros, lacraias e escorpiões, ou melhor tudo que voa, anda ou se arrasta.
Que respiram diariamente um ar poluído com mais de 300 partes/mg, são obrigados a andar de máscaras estilo Michel Jackson, respirar em casa com esterilizador de ar, vaporizador, limpa odor, e qualquercoisaodor e ainda jogam mais de 90 toneladas de peixe diariamente no rio que banha a cidade.
Todos tem olhinhos puxados e rasgados e sonham em fazer plástica com o Pitanguy para ficarem com as pálpebras iguais aos ocidentais e tem cabelo em pé que nenhum Gumex dá jeito, parecem até filhos da Ana Maria Braga com o Dr. Spock.
E você sabe que eu nunca quis conhecer a China sou mil vezes o Tahiti mesmo com tsunami."

"Raposo, como você fala assim do meu povo, olha para mim, pros meus olhinhos esticados, você esqueceu que mamãe teve um affair com Sun Tzu que até hoje papai desconfia de algo."

"Socoooorroooo, eu não casei com uma olhoesticado, ai meu Deus, tira esse mostro chinês daqui, soocooorrro, trocaram a cara da Matilda, Socoorro, o Godzilla vai me pegar, não, não, NÃOOOO"

"Senhor, acorde por favor, coloque seu encosto na posição vertical que estaremos pousando no Aeroporto da Portela em Lisboa dentro de alguns instantes."

"Raposo, tá maluco? Quem é Chinês aqui? Que Pequim é esse? Que Godzilla? Godzilla é Japonês nem Chinês é, você tá ficando doido mesmo, pare de dar vexame gritando que nem louco no avião. Ô homem de Deus, pare de falar dormindo."

É Raposo, tá entrando com o pé esquerdo em Portugal, que dureza, que vergonha, pior é a cara do abestado do aeromoço rindo do seu chilique sonambulítico ou seria sonambulímico (de tanto olhar a lagosta e pensar numa baita feijoada?)
Pelo menos pisarás em terra firme e com toda certeza nessa terrinha de além Tejo irás ter algo melhor que a lagosta de olhinhos esturricados que queriam que você traçasse.

"Ô gajo, eu posso deixar minha bolsa aqui e pegar o elevador para poder pegar minhas malas na esteira?"

"Não senhoire, não p'ode não."

"Mas o filhudumaégua por que não pode?

"Não p'ode porque não p'ode."

Já vi que ia ser difícil a convivência com os patrícios, mas não liga não Raposo, bola pra frente.

Enfim, num táxi a caminho do hotel, e nada como um banho, um café e um rango, ai meu Deus um rango.

"Motorista, por favor, siga para o Novotel perto do Shopping Vasco da Gama, sabe qual é?"

"Peraí Matilda, que p$#@$% de hotel é esse, que bairro é esse? Você acha que eu vou ficar num bairro de time de segunda divisão, tá ficando louca, como vai ser quando for postar minhas fotos no face e aparecer lá: Raposo está em Vasco da Gama, e a galera da Raça Rubro Negra o que vai falar?Que vergonha."

"Raposo cala a boca e fica quieto ou prefere dormir nas ruas do porto de Lisboa?"

"Estou a veire que o casal não conhece estas bandas de cá do Tejo se quiserem alguma informação turística podem contar comigo, ô pá."

"Comida, meu amigo, quero saber onde tem comida não quero saber de pá coisa nenhuma."

"Para comeire o melhor a fazeire é ires para Lisboa Antiga, lá encontrarás um bacalhau esp'cialmente saboroso no Buteco du Manél, o melhor de toda Lisboa."

"Até que enfim uma boa notícia, mas hoje é domingo será que eles fecham?"

"Não senhoire, não fecham não."

Raposo então contrariado chega ao tal hotel naquele bairro maldito de segunda, toma seu banho, troca de roupa, desliga o localizador do celular, para não correr risco de vexame nas postagens e corre para Lisboa Antiga atacar seu bacalhau.

Depois de ter que percorrer 17,3Km sobre o Rio Tejo na tal da Ponte (argh)Vasco da Gama e mais alguns km, enfim chega a Baixa Lisboa , um bairro super agradável e pitoresco.

"O Matilda, até parece que cheguei no Centro do Rio de Janeiro, é tudo igual, olha só tem Rua da Alfândega, tem o Paço, Rua da Conceição, tem até bondinho, será que ali é Santa Tereza?"

"Vamos logo Raposo, o tal restaurante que o taxista falou é na Alta Lisboa, perto do Castelo de São Jorge, vamos logo."

"Lá no topo do morro? Pô se soubesse pedia carona pro dragão ou pedia o cavalo emprestado."

E lá vai Raposo e Matilda subindo a pé ladeira acima, paralelepípedo para lá, paralelepípedo pra cá, e num acaba mais, até que ôpá, pera lá, tinha bondinho elétrico, mas agora que já chegaram no topo, deixa pra lá...

"Ih!!! olha só, o tal do Buteco du Manél tá fechado, mas que raios, o cara falou que eles não fechavam.
Oh rapazinho, este restaurante aqui tá fechado, mas um gajo daqui da tua terra, meio abestado, nos informou que eles não fecham no domingo e agora a bodega tá fechada, como pode?"

"O meu senhoire, ele informou corretamente, é claro que eles num fecham domingo, porque eles não abrem, oh raios."

Hoje Raposo mata um portuga...

"Oh portuga me passa um treco esquisito desse aí pra eu comer."

"Isto aqui senhoire são os famosos e tradicionais Pastéis de Belém, podes comprar em qualquer birosca por aqui, mas estes são meus, o senhoire pode encontrar os melhores de todos perto do Mosteiro dos Jerónimos na Fábrica dos Pastéis de Belém."

"E eu lá quero comprar pastel em fábrica vou comprar em qualquer buraco desse aí mesmo, onde já se viu fábrica para fazer pastel."

"Não Raposo, nem pensar, eu quero ir no mais tradicional que faz a mesma receita desde 1837, vamos para Belém." 

"Putz Grila, Matilda, vou ter que ir pra Belém comprar essa joça de pastel que deve tá podre de tão velha a receita, duvido que depois de 177 anos ainda tem neguinho que lembra da receita dessa coisa."

"Pronto, chegamos Matilda, vai comprar logo esse treco que tô azul de fome, peraí, que fila é essa, tá dobrando a rua, será que tem jogo do Benfica hoje?"

"Corre Raposo é a fila pra comprar o pastel, corre pra lá."

Tá de sacanagem, fila pra comprar pastel, a barriga hoje vai grudar Raposo, só pode ser coisa de português.
Parece que você posou mesmo com o pé direito.

"Toma Raposo, consegui comprar o Pastel de Belém, come logo e não enche o saco."

"Pastel???? Cadê o queijo? A Carne moída? Esse treco é doce, você ficou uma hora na fila e comprou o negócio errado, troca lá."

"Raposo, ISSO É PASTEL DE BELÉM, olha o mico?"

"Mico?EU??? Só em Portugal mesmo pra chamar uma empada com recheio de quindim de pastel e eu que ainda tô errado... Vou comer esse treco mesmo, afffff."











segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Raposo, o Idoso Odioso. (Viagem dos Sonhos - Essa viagem promete)

Capítulo 01 - Ano II
Raposo, o Idoso Odioso.
(Viagem dos Sonhos - Essa viagem promete)


Então, Raposo, enfim, conseguiu.
Guardou todos os trocados que gastaria com as passagens de ônibus, metrôs e afins, se não tivesse usado o seu bendito Cartão de Idoso.
Deixou de dar a gorjeta em qualquer estabelecimento que fosse.

"Que gorjeta o que rapaz, você já ganha pra trabalhar e eu tenho que pagar pra comer, sai fora, malandro."

Parou de dar esmola nas ruas.

"Tio, me dá um trocado aí?"
"Sai pra lá moleque, vê se tenho cara de tio de marmanjo sujo e cabeludo."

Diminuiu as idas ao jogo do bicho, afinal, parar de vez não dá, vai que naquele dia dá nove, a Cobra que ele ia jogar porque sonhou com sua sogra.

Parou de ir ao shopping, porque se fosse, não ia se segurar, ninguém é de ferro, e cada vez que passava na porta da Toulon, lá ia uma bermuda, uma camisetinha e uma cueca pra combinar. (acho que Raposo era o último cliente da Toulon...afinal, a Pier fechou.)

Era agora a tão esperada hora de fazer a surpresa a Matilda, 2 passagens para 25 dias se esbaldando na "Zoropa", eita Raposo, hoje tem!!!

"Querida, olha o que trouxe pra você hoje."

"Já sei, chuchuzinho, a cenoura e o quiabo que pedi para comprar na feira. Ah, e o chuchu também."

Putzgrila, isso Raposo esqueceu, sabia que tinha amarrado dois barbantes um em cada dedo indicador para se lembrar de alguma coisa, mas...esqueceu.
Definitivamente Mnemósine, a Deusa Grega da Memória não gostava mesmo dele... mas em compensação sabia que limparia a barra com a notícia da viagem.

"Amorzinho, coisa linda do meu coração.."

"Nem vem, Raposo Von Shultzer da Silva."

Aí meu Deus, chamou ele pelo nome todo, sinal que tá p.. da vida.

"Calma, gatinha, só tô querendo justificar que foi por uma boa causa, tenho uma surpresa joinha procê."

"Desembucha de uma vez e corre na feira que tenho que fazer o almoço."

"Minha princesa, olha só pra onde vou te levar semana que vem."

Num microssegundo o que era cinza tornou-se azul, o que era música Funk virou poesia de Chico Buarque e principalmente, o dragão em forma de gente transformou-se na mais bela fada.

"Raposinho, meu amadinho, não tô acreditando que nós vamos, enfim, conhecer Paris. Você é a coisa mais fofa desse mundo...depois do Brad Pitti é claro."

Isso aí, rapaz, se desse para dar uma passagenzinha dessa por mês para a patroa, você tava feito, era Só Love, Só Love.
Mas que dureza, haja bolso gordo.

Que chuchu que nada, que cenoura aonde, foi só o tempo de desligar a água no fogão e tchibum pro quarto... Só Love, Só Love...
Foi tudo uma brasa, mora?

Anda Raposo, pega a mala, joga a camisa na mala, sapato na mala, meia na mala, camisa nova da Toulon na mala, cueca nova na mala, tira o Jean Claude da mala, fecha a mala, ops...E o Jean Claude, ai meu Deus, quem vai ficar com ele?
Antes de pensar em se benzer ou qualquer outro amuleto, mandinga, feitiço que fosse, veio aquele nome dos Quinto no ouvido de Raposo.

"A Mamãe! Isso é um trabalho pra D. Candoca, vou ligar pra ela agora."

Aff! Mas, pelo menos era por uma boa causa, alguém precisava cuidar do JC, mesmo que fosse a Bruxa má...
Agora difícil seria fazer JC entender que eles iriam embora, mas que iriam voltar.
A cara de maus amigos e o mau humor imperante que só gato contrariado sabe fazer era de cortar o coração de Raposo.
Sabia que quando voltassem da viagem seriam dias e dias de focinho virado, de não te conheço e não ronrono nem a pau pra você, até JC esquecer e fazer as pazes com ele.
Mas no fim sempre ficavam amigos novamente.

"Rapoooosooo, você já chamou o táxi? Já Fechou a mala? Cadê o passaporte? Imprimiu o checkin? Pegou minha aspirina? Botou comida pro JC? Cancelou o Jornal? Anda Raposo, deixa de ser mole vamos perder o voo."

"Calma, querida, ainda tô tentando responder  que o táxi já tá aí e vc já perdeu até o voo? Ah, mulheres..."

"Motorista, toca pro Paraíso."

"Paraíso doutor, com esse trânsito só se eu fosse mesmo um anjo e batesse as asas, num tá vendo que nada anda hoje?"

Bem, contando que o voo era às 16:00h, que eles precisavam chegar no aeroporto às 14:00h e que ainda eram 9:00h da manhã, Raposo ficou tranquilo, iria dar tempo e depois, nada iria atrapalhar seu começo maravilhoso de viagem, até que lá no fundo ouviu algo bem familiar saindo do rádio do taxista...

" ...a saudade é que nem maré, a saudade é que nem maré..."

"Motorista aumenta o som que eu amo o Vercillo."

"Matilda, pelamordeDeus, assim não aguento e me afogo nesse mau gosto antes mesmo de chegar ao aeroporto, motorista, Pink Floyd por favor, ou então desliga antes que tenha um infarto."

Então, depois de  14 quadras, trocentosmil carros, 5 estações de rádio, infinitas buzinas e repetidos sinais vermelhos,  enfim, às 12:55h chegam no embarque do Santos Dummont.

"Acorda Raposo, paga o moço e pega as malas que chegamos no Santos Dummont."

"Santos Dummont??? Quem falou que é no Santos Dummont, nosso voo é no Tom Jobim, Matilda, você não avisou a  essa mula?????

"Õ Dotô, o sr. falou aeroporto, achei que era esse, o senhor tem cara de que só viaja de ponte aérea, aí pensei...."

"Me segura Matilda, senão acabo com esse bigode e essa cara de mula desse boçal, e nós vamos para o Aeroporto Internacional, fique o senhor sabendo, vamos para a Europa, seu asno. Toca correndo pra lá. Embarque Internacional."

"Calma Raposo, calma, vai dar tempo, desculpe moço ele é um pouco agitado, corre pro Galeão, por favor."

14:59h chegam enfim, ao Galeão, sorte Matilda já ter feito o checkin, foi só despachar a mala e pronto, hora de passar pelo detector de metais.

Pipipipipiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Matilda tira as pulseiras(umas 20) e o relógio.
Pipipipipiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Matilda tiras os brincos e os anéis (8 em cada mão).
Pipipipipiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Matilda tira o cinto de 3 voltas e 15 penduricalhos.
Pipipipipiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
Matilda tira as botas cheias de medalinhas ciganas.
Ufaa, passou.

"Matilda, será que toda vez que tem que viajar de avião você precisa se enfeitar mais do que uma árvore de Natal?"

"Senhor, o senhor está muito nervoso, por gentileza dirija-se a mesa ao lado e abra sua mala para darmos uma olhada."

"Ai meu saco!"

"Para de reclamar Raposo e faz o que o rapaz tá pedindo, antes que seja preso."

"Senhor esta bolsinha com tesoura, barbeador, pente e pinça não pode levar à bordo, teremos que colocar no cofre do piloto."

"Raposo, para que levar esta joça? Você por acaso virou cabeleireiro?"

"Mister Coiffer, ao chegar ao solo o senhor retire seus pertences com o piloto e bom trabalho."

"Que trabalho o cacete, não sou cabeleireiro coisa nenhuma, tá me estranhando é? Pensa que sou frutinha?"

Atenção Voo TAP 6924 embarque dentro de 10min no portão 01/A.

"Onde fica esta droga de portão?"

"Lá embaixo Raposo e vê se para de resmungar."

"É porque hoje tá dando tudo errado, olha só o número do nosso voo, mais coisa de boiola impossível. 69 24, aff"

Desce a escada rolante, estaciona o carrinho, toma um cafézinho, um pipi, senta pra descansar e...

Atenção Voo TAP 6924, a aeronave já encontra-se no solo, porém por motivos de manobra o embarque foi transferido para o portão 45/Z, embarque imediato.

"Só pode ser sacanagem, esse portão é lá em cima exatamente onde estávamos antes, corre Matilda."

Escada rolante novamente, ops...parou, sobe na perna mesmo, carrega a bolsa nas costas, corre, corre, entorna o café, e pronto...olha o tamanho da fila.

"Eu queria muito saber para que esse povo entra na fila se o lugar é marcado... Vem Matilda, porque temos prioridade, somos idosos."

"Com licença, licença, licença, sai da frente moleque, aí minha canela mau educado, licença, desculpe madame, pisei sem querer, licença, dá pra tirar a bolsa da frente? Licença, boa tarde aeromoça, aqui está, cadeiras 22E e 23E."

"O lugar do senhor é este a minha direita e o da Senhora este a minha esquerda."

"Opa, peraí, eu comprei dois lugares lado a lado, não vou sentar longe de minha mulher de jeito nenhum."

"As poltronas, senhor,  são divididas em filas pares e ímpares, logo cada um está em uma fila, sinto muito.

"Pode deixar, vovô, eu troco de lugar com o senhor para poder ficar na janela."

"Vovô é o cacet...."

"Obrigada rapaz, Raposo, cala a boca e senta."

Agora sim, sentado ao lado de sua rainha, fone no ouvido, filmezinho em HD, ar condicionado delirante e rumo a Europa, o que mais você quer Raposo?

Senhores passageiros, bem vindos a bordo, até Lisboa teremos um voo de 12 horas, num altitude de  aproximadamente blábláblá e mais blábláblá, e dentro de alguns minutos serviremos o nosso jantar, obrigada por voar com a TAP.

Isso aí, sem comer nada, só cafezinho desde que saiu de casa agora era a hora de Raposo tirar o pé da lama.

"Senhor" (sotaque forte de português) O senhor gostaria de jantar?"

"Mais é claro ô gajo." (sotaque de carioca imitando português)

"O senhor gostaria de Lagosta ou nhoque?

"Nhoque com certeza"

"Sinto muito, senhor, o nhoque acabou."

Só podia ser sacanagem, ou ele estava dentro de uma verdadeira piada de português.

"Ô rapazinho, se você ofereceu como pode dizer que não tem mais? Eu quero nhoque, pois não suporto Lagosta."

"Sinto muitíssimo senhor, mas o senhor teria que nos avisar que queria uma comida especial já que não come Lagosta."

"Especial é essa tal de Lagosta, porque é tão especial que ninguém quis e só comeram o nhoque, tanto que acabou, ai meu saco."

"O senhor tem certeza que não quer comer nada, nem deixar a Lagosta aí a sua frente pra ficar olhando?"

"Só se for para levar um lero, com ela, saber como anda o tempo, se o fundo do mar tá pra peixe, etc, porque eu já falei que eu NÃO GOSTO DE LAGOSTA.  Vamos lá, vocês tem Coca Cola?"

"Temos, sim senhor."

Fim do filme, fim do jantar e fim da paciência do Raposo.

"Ô Rapazinho, eu já perguntei a você há mais de 2 horas atrás se vocês tem Coca-Cola, por que você ainda não me trouxe?

"Não sabia que querias, só perguntastes se tinha, ter nós temos, o senhor quer que lhe traga uma?"

Ai minha carapixola, ainda nem chegamos em terras lusitanas e Raposo já se vê dentro da própria piada de português e pior, sendo o protagonista.
Segura essa, Ó Pá!!!
Essa viagem promete...
Óra Pois                                          

                                                                                                            2014.09.22

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

CAPÍTULO 1 - Primeiro dia dos 65

Raposo, o Idoso Odioso(Primeiro dia dos 65)

Raposo era um cara comum, brasileiro, carioca, descolado, arquiteto, surfista e com um humor ímpar.
Viveu sessenta e quatro anos, trezentos e sessenta e cinco dias e sessenta minutos querendo que esse dia chegasse, e chegou.
Chegou enfim, seu sexagésimo quinto aniversário.
Que beleza!
Não que ele gostasse de ser idoso, muito menos de ser chamado de idoso.
Seus cabelos soltos, castanhos claros, onde os fios brancos pareciam brilhos do sol, pele queimada das inúmeras horas nas areias do Recreio e suas roupas de surfista recém saído do seriado Magnum não somava esta quantia.
Hoje era o dia, que felicidade radiante completar os sessenta e cinco anos e ser um idoso com passe livre em qualquer lugar.
Nunca mais pagar ônibus, meia no cinema, meia no teatro, meia no show do Kiss, meia em qualquer lugar.
Fila de banco então, nunca mais.Agora era sua vez, em vez de ficar horas dentro da agência do banco se sentindo o próprio Barrichello sendo ultrapassado por todas vovós e vovôs que resolveram furar a sua fila, ele agora seria o Schumacher, iria pra Pole Position.
Passou a ir ao banco todo dia só pra sentir o prazer de ouvir os sussurros entre dentes dos abestados na fila:
“Olha a cara de pau desse cara, ele não tem 65 anos nem aqui nem na China!
Como fazia bem pro seu ego.
Sentia-se um garotão.
Era um garotão.
Raposo tinha um gato, o Jean Claude.
“Me perdoa Raposo, mas isso é nome de gato afrescalhado”.
“Então chame pelo sobrenome; Van Dame”.
Ele era assim, curto e grosso.
Jean Claude se achava um cachorro, foi criado como tal.
Vai agora botar na sua cabecinha felina que ele não o é.
Bom, mas Jean Claude é outra estória, depois eu conto.Hoje Raposo saiu de casa pra curtir sua liberdade cronológica.
Pegou um ônibus, não importa pra onde, não pagou a passagem mesmo.
Já valeu.
Entrou pela porta normalmente, mostrou sua carteira e pimba, passou, que maravilha!
Sentou, ao lado de um par de coxas deslumbrantes, pensou; “Hora de rolar aquele papo mole”.
“E ai gatinha, indo pra onde? Pra praia?”
“Não vovô, tô indo pro Hospital, trabalho lá, quer que eu acompanhe o senhor até lá?”
“Que isso gata, sou inteirão, jogo vôlei com a tchurma na praia todo dia, morou?”
“Ah, o Senhor me desculpe, mas vi sua carteirinha achei que o senhor estava indo pra fila do Posto de Saúde.”
É, Raposo, tudo tem seu preço, mas tudo bem, pelo menos não pagou o ônibus.
Mas adiante, o ônibus começa a lotar, uma velhinha se equilibrando com sua bengala, apóia logo aonde?
No Tênis Nike branco, novo do Raposo.
”Caramba acabei de comprar, que m...
”Olha com aqueles olhinhos amarelos e sorriso de quem-quer-sentar-no-seu-lugar.
Tudo bem, Raposo se levanta, afinal ele é um garotão educado, acabara de explicar a gata ao lado.
“Pode-se sentar aqui madame.
A idade é relativa e tudo tem seu preço.
Lá vai ele, em pé, balançando, sacudindo, escorregando, mas pra onde está indo mesmo?
Sabe lá, pegou o primeiro ônibus que viu pela frente com o entusiasmo de ser o primeiro de graça.
“Caramba, CENTRAL, tá escrito na plaquinha, por isso o negócio tava tão cheio, mas o que vou fazer na CENTRAL? Saco!”
“Bem agora já tô, fico.”
Saltou no ponto final, ou melhor ‘foi saltado’, nem que quisesse conseguiria ficar ali dentro.
Como cabe tanta gente num treco desse a essa hora ainda não sabe.
Parou numa loja de bugigangas, e pronto, estacionou uma vendedora no milésimo de minuto seguinte.
Posso ajudar o Senhor em alguma coisa?”
“Pode minha filha, vai lá em casa e pega meu óculos, pra eu poder ver o preço dessa droga aqui.”
“Agora chispa, se eu quiser algo eu chamo”.
Tem coisa mais chata que entrar na loja e chegar junto logo uma vendedora?
Raposo detestava isso.
Na falta do que fazer no Centro da Cidade, comprou uma escova de dente e foi embora.
Atravessou a rua pra pegar o ônibus de volta e pensou:
“Eu num pago mesmo, vou voltar de frescão.”
Voltou.
Pegou uma gripe desgraçada.
Afinal bermuda e camiseta, naquele frigorífico só com gripe mesmo.
Melhor ir pra casa, tomar umas vitaminas C e cama.
Ver um filmezinho depois da novela e pronto.
Chegou.
Abriu a porta.
E click, cadê a luz?
“Droga”
Hoje não era o dia do Raposo.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

CURTAS DO RAPOSO

SE EU COMO MUITO EU MORRO, SE EU BEBO MUITO EU MORRO, PREFIRO MORRER DE BARRIGA CHEIA.

terça-feira, 1 de junho de 2010

CURTAS DO RAPOSO

SE TRABALHAR É BOM E DIGNIFICA O HOMEM, EU PREFIRO DEIXAR PARA OS QUE ESTÃO PRECISANDO MAIS DO QUE EU, JÁ SOU DIGNÍSSIMO.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

CURTAS DO RAPOSO

UM PASSAGEIRO QUE VOA A 1000Km/h, A 900 PÉS DE ALTITUDE, ABAIXO DE 50°C LÁ FORA E COMENDO BARRINHA DE CEREAIS, AINDA RECLAMA DA SEGURANÇA NOS AEROPORTOS???

sexta-feira, 28 de maio de 2010

CURTAS DO RAPOSO

SABEM QUAL O SONHO FEMININO ATUAL???
UM DESLUMBRANTE VESTIDO TOMARA-QUE-CAIA, UMA CALCINHA TOMARA-QUE-TIREM E UM SUTIÃ TOMARA-QUE-SUSTENTE!!!
E...CONSIDERANDO O VOLUME DE VIADOS QUE TEM NESTE PAÍS:
UM HOME QUE-TOMARA-QUE-QUEIRA